Detalhes
Violão Roberto Gomes 1999, réplica de Torres 1885 SE83:
(VENDIDO)
O luthier Roberto Gomes é uma das figuras mais proeminentes da luteria brasileira. Possui notório conhecimento da história da luteria, domínio técnico da construção, reconhecimento de grandes concertistas e é um dos maiores construtores de réplicas de Torres a nível mundial, com seus instrumentos constando dos acervos do National Music Museum, nos EUA.
O espanhol Antonio de Torres Jurado foi o pai do violão atual, e delineou, no final do século 19, as diretrizes que seriam o padrão mundial de violão clássico. Seu trabalho se dividiu em 2 períodos a longo de sua vida, sendo que o primeiro, de 1854 a 1869, foi conhecido como Primeira Época, e o segundo, de 1875-1892, de Segunda Época. Os instrumentos da primeira época são numerados, segundo o padrão estabelecido por Jose Romanillos, com o prefixo "FE" (First Epoch), e os da segunda época, SE (Second Epoch).
Este instrumento, em específico, é uma réplica de uma SE83, com algumas diferenças estéticas e uma única diferença estrutural relevante (esta réplica possui 10 cordas e o instrumento original possuía 11 cordas), e foi batizado pelo Roberto Gomes de “La Levantina”. Aliás, é um costume do luthier batizar cada um de seus instrumentos com um nome espanhol. O que é muito interessante sobre este instrumento é que esta talvez seja uma das únicas (se não a única) réplicas deste Torres já construídas no mundo. Um violão altamente exclusivo.
As madeiras deste instrumento são espetaculares. O fundo e laterais são feitos de Maple, de primeira qualidade, e completamente figurado, num dramático padrão fiddleback. O tampo é de Abeto Italiano, corte radial, de décadas de corte. São madeiras de rara beleza e grandes propriedades acústicas. O Maple propicia um ataque mais suave, com uma sonoridade mais doce, que casa muito bem com o estilo Torres.
O verniz utilizado é a goma-laca, no instrumento inteiro, escala de ébano, tradicional, braço de cedro brasileiro, cavalete de jacarandá.
A afinação das seis primeiras cordas é exatamente igual à do violão, e os bordões extras podem ser afinados de acordo com a preferência do intérprete, sendo a forma mais comum: D C B A (da sétima para a décima corda). Assim, o violão pode ser tocado como um violão normal de 6 cordas, e os graves extras são um recurso adicional que pode ser utilizado de acordo com o arranjo musical.
As cravelhas de madeira, feitas de ébano, são um charme especial do instrumento, e apesar de não possuírem a precisão de afinação das tarraxas mecânicas, conferem ao instrumento uma sonoridade mais natural, na opinião de alguns músicos, pois todo o sistema de amarração das cordas é de madeira. Como o mecanismo funciona através do atrito, é preciso cuidar da manutenção periódica da furação/cravelhas, para compensar o desgaste natural.
A sonoridade da La Levantina possui grande peculiaridade. Ao mesmo tempo que é a sonoridade de um violão, com doçura, cremosidade, brilho e nitidez, também têm uma ressonância mais complexa e rica, devido ao harmônicos gerados pelas cordas extras ao vibrarem simpaticamente, tornando o som mais cheio do que o de um instrumento de 6 cordas. O luthier Roberto Gomes tem como uma de suas características extrair bastante potência de seus instrumentos, e neste não foi diferente, o volume é muito bom, perfeitamente adequado para salas de concertos. E com mais de uma década de existência, a sonoridade já atingiu um ponto de maturidade bastante satisfatório.
Durante todo este tempo, o violão esteve em posse do próprio Roberto Gomes, e o comprador deste instrumento será o primeiro a possuí-lo, além do próprio luthier.
Condição:
- estrutural: 4,5/5. Ótimo estado, nenhuma rachadura, empenamento ou histórico de reparo. As cravelhas/furação apresentam um pequeno desgaste natural do atrito ao longo dos anos, mas continuam muito funcionais.
- estética: 4/5. Apenas algumas marcas superficiais no verniz do tampo.
Inclui estojo térmico em bom estado de conservação.
Resumo:
Pontos fortes: valor de coleção, sonoridade sofisticada, doce, alta qualidade de construção, projeção nítida, sonoridade madura, estética ímpar. Maiores possibilidades de arranjo com os 4 bordões extras.
Pontos fracos: cravelhas com menor precisão do que tarraxas mecânicas, necessidade de adaptação aos bordões extras.
Conclusão: Um violão único, talvez uma das únicas réplicas já construídas deste Torres no mundo. É destinado a quem quer um instrumento de sonoridade de concerto, mas com toque e charme do século 19, ataque macio, muita nitidez, e bordões extras para arranjos que necessitem de graves adicionais. A sensação de olhar e segurar este violão é indescritível, a qualidade do instrumento e sua aura romântica tornam a experiência de o possuir algo quase mágico. É um violão que se enquadra na categoria de "ame-o ou deixe-o", e não oferece somente excelente retorno sonoro, mas também grande prazer visual.
Informações Adicionais
Especificações | Não |
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